WHISKEY SOUR: A HISTÓRIA DE UM CLÁSSICO SECULAR
Não há dúvidas de que o Whiskey Sour é um dos patrimônios mais antigos e valiosos da coquetelaria. A clássica combinação do destilado com suco de limão, açúcar e clara de ovo figura em qualquer carta de coquetéis que se preze há séculos. E tão rica quanto o sabor do coquetel é a sua história!
THOMAS, WAUKESHA OU STUBB?
Boa parte do acervo norte-americano online dedicado à coquetelaria atesta que o primeiro a registrar a receita do Whiskey Sour foi o nova-iorquino Jerry Thomas, em seu livro “The Bartenders Guide or The Bon Vivant’s Companion”, de 1862. Segundo esta versão, o livro trazia uma receita com os três ingredientes originais acrescidos de gelo raspado e recomendaria servi-la em um copo baixo.
A equipe do Clube do Barman foi direto à fonte e constatou, porém, que ao menos na edição original a receita não aparece. Isto pode ter ocorrido em reedições posteriores, mas coloca em cheque o pioneirismo deste ícone da literatura científica de bar neste caso.
Com isso, a autoria da primeira citação pública sobre a produção de um Whiskey Sour recai sobre o jornal Plain Dealer, da cidade de Waukesha, no estado do Wisconsin (EUA). Isso se deu oito anos após a suposta publicação de Thomas, na edição do dia 4 de janeiro de 1870. Considerando as telecomunicações da época e a distância de 800 milhas entre Waukesha e Nova York, portanto, é bem provável que a bebida já estivesse sendo descoberta e consumida simultaneamente em diversos bares espalhados pelo território Ianque.
Para tornar ainda mais controversa a origem do coquetel, há ainda outro relato daquele mesmo período. Em 1962, a Universidad Nacional de Cuyo, da Argentina, publicou uma narrativa no livro “Anales del Instituto de lingüística” sobre um cidadão chamado Elliot Stubb. Ele teria criado o Whiskey Sour em 1872, após abandonar o trabalho como mordomo no veleiro Sunshine e se estabelecer como dono de bar nas cercanias do cais de passageiros do Porto de Iquique.
Entre um teste e outro com as coqueteleiras para criar um drink novo, eis que Stubb se encantou com o equilíbrio perfeito de sabores ao misturar o whisky e limão, acrescentando um pouco de açúcar e gelo. A bebida virou a principal atração do seu bar e a proximidade de um porto facilitou sua propagação além-mar, chegando à Inglaterra e às ilhas britânicas.